O governo Lula vive um dos momentos mais delicados desde o início do terceiro mandato, com altos índices de desaprovação e percepção negativa da população em relação à gestão atual. De acordo com a pesquisa mais recente da Quaest, 57% dos brasileiros desaprovam o governo Lula, enquanto apenas 40% mantêm algum nível de aprovação. Os dados revelam não apenas um descontentamento com as ações do Executivo, mas também a perda de confiança em um presidente que, no passado, foi considerado símbolo da liderança popular no país.
A avaliação do governo Lula sofre ao ser comparada com suas gestões anteriores. A pesquisa mostra que 56% dos entrevistados acreditam que o governo Lula 3 é pior do que os mandatos de 2003 a 2010. Esse dado expõe uma insatisfação crescente com a incapacidade do governo atual de repetir os feitos das administrações anteriores. Além disso, 44% acreditam que Lula 3 é inferior até mesmo ao governo Bolsonaro, o que representa um desafio significativo para a imagem do presidente perante o eleitorado.
O governo Lula também enfrenta críticas pela maneira como se comunica com a população. A pesquisa da Quaest revelou que as notícias negativas sobre o governo circularam mais que o dobro das positivas durante o período analisado. Aproximadamente 60% das pessoas entrevistadas afirmaram não ter ouvido falar de ações que consideram boas ou positivas, demonstrando uma falha grave na estratégia de comunicação e no marketing institucional do governo Lula. A ausência de uma narrativa eficaz contribui diretamente para a má avaliação do governo.
Outro ponto relevante que contribuiu para a queda na aprovação do governo Lula foi o escândalo envolvendo o INSS. A fraude no sistema de benefícios, conhecida por 82% dos brasileiros, associou novamente a imagem do governo ao tema da corrupção, ainda que a prática tenha se iniciado antes da atual gestão. Para 23% da população, a responsabilidade pelo escândalo é do governo Lula, enquanto apenas 8% atribuem a culpa à gestão anterior. Esse tipo de percepção popular reforça a crise de imagem enfrentada pelo governo.
Apesar de alguns avanços econômicos, como a desaceleração da inflação e a percepção de que a economia está começando a reagir, esses fatores positivos não têm sido suficientes para melhorar a imagem do governo Lula. O dado mais alarmante é que 61% dos entrevistados acreditam que o país está indo no rumo errado. Essa percepção é prejudicial especialmente em um governo que prometeu mudanças profundas e esperanças renovadas durante a campanha presidencial.
O governo Lula enfrenta também um desafio importante de alinhar expectativas com a realidade. Desde a campanha, o discurso oficial prometeu um conjunto robusto de programas sociais, crescimento econômico sustentável e uma gestão mais eficiente. No entanto, a pesquisa mostra que muitos brasileiros acreditam que o governo Lula não está cumprindo essas promessas. A diferença entre o discurso e a prática alimenta a frustração de uma população que esperava mais da terceira passagem de Lula pelo Palácio do Planalto.
Outro risco para o governo Lula é o abalo de sua imagem como um presidente próximo do povo. Essa foi uma das marcas registradas de seus mandatos anteriores e um dos principais diferenciais em relação a outros líderes. Agora, os brasileiros demonstram que essa conexão está se enfraquecendo. Se o governo Lula não conseguir reverter essa percepção, a base popular que sempre sustentou sua força política poderá se dissipar, enfraquecendo sua influência nas próximas eleições.
Com a disputa eleitoral de 2026 se aproximando, o governo Lula precisa agir rapidamente para recuperar a confiança dos brasileiros. O foco deve estar em entregar resultados concretos, melhorar a comunicação institucional e demonstrar coerência com as promessas de campanha. A continuidade da crise de imagem pode comprometer não apenas a governabilidade, mas também o projeto político do presidente. O momento exige respostas rápidas e eficazes se o governo Lula quiser reverter a maré negativa.
Autor: Kalamara Rorys