A concessão de uma patente no Brasil não aconteceu rapidamente, destaca Paulo Roberto Gomes Fernandes, mas marcou um capítulo relevante para a trajetória da Liderroll no setor dutoviário. Após mais de uma década de tramitação, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) confirmou o registro da tecnologia brasileira desenvolvida para instalação de dutos em túneis e outros ambientes confinados, método já consolidado no exterior e aplicado em obras complexas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em projetos internacionais.
O pedido inicial foi protocolado no Brasil pelo advogado especializado em propriedade intelectual Daniel Souza Campos, responsável também por conduzir os processos equivalentes em diversos países. Antes mesmo do reconhecimento nacional, a tecnologia já havia obtido patentes definitivas em regiões como Europa, Estados Unidos, Canadá, China, Índia, Rússia, México, Hong Kong, Venezuela, Chile e Peru, consolidando o diferencial técnico da solução.
Reconhecimento reforça liderança brasileira no setor dutoviário
A tecnologia patenteada, voltada ao lançamento e à sustentação de dutos em túneis construídos por TBM, tornou-se referência mundial por permitir instalação segura, rápida e com integridade estrutural superior. O presidente da Liderroll, Paulo Roberto Gomes Fernandes, destacou que o resultado coroa um processo rigoroso de validação técnica e jurídica.
Segundo a empresa, a solução emprega suportes modulares e roletes especiais que distribuem esforços mecânicos de forma a evitar tensões nas aduelas de concreto dos túneis, um fator crucial para a segurança e longevidade das estruturas.
Tecnologia usada no Gasduc III e no Gastau marcou avanços para o setor
Um dos exemplos mais emblemáticos dessa aplicação é o túnel do Gasduc III, no norte do Rio de Janeiro:
- 3,8 km de extensão
- Tubos de 38 polegadas
- Capacidade de 40 milhões de m³ por dia
- Construído sob área de preservação ambiental
- Redução significativa na supressão vegetal
A solução também foi empregada no túnel do Gastau, em São Paulo, que atravessa trecho da Serra do Mar e inclui um shaft vertical de cinco metros de diâmetro. Na época, a Liderroll conseguiu instalar três linhas, uma de 28 polegadas e duas menores, com o duto principal já em operação, dentro de um ambiente completamente confinado. O desempenho da obra rendeu nota máxima no Boletim de Avaliação de Desempenho.

Com mais de dez anos desde a instalação desses sistemas, Paulo Roberto Gomes Fernandes lembra que o momento é oportuno para inspeções completas.
Patente brasileira ajuda a prevenir cópias e uso indevido da tecnologia
O reconhecimento no Brasil também tem peso adicional pela proteção jurídica. A Liderroll já enfrentou casos de tentativa de reprodução não autorizada nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Em algumas ocasiões, apresentações técnicas foram feitas por terceiros como se fossem de autoria própria. Segundo a empresa, houve episódios documentados com fotos, vídeos e materiais apresentados indevidamente em eventos internacionais, como a OTC em Houston.
Com a patente brasileira formalizada, a companhia fortalece sua capacidade de defesa contra violações de propriedade intelectual no país e no exterior.
Crescimento do INPI ajudou a acelerar o processo
A concessão ocorreu em meio ao período em que o INPI implementou uma série de medidas para reduzir seu estoque histórico de pedidos. Entre elas:
- adoção do home office para examinadores, aumentando a produtividade;
- simplificação dos exames;
- uso de ferramentas de apoio que garantem segurança jurídica sem comprometer autonomia técnica.
Na época, a gestão afirmava que a meta era elevar a eficiência das decisões em 350%, passando de 17 mil para 64 mil exames anuais.
Liderroll permanece em evidência no exterior
Enquanto consolidava sua proteção intelectual no Brasil, a Liderroll também avançava em projetos internacionais. A comunidade técnica de Chicago, nos Estados Unidos, selecionou a tecnologia brasileira em audiência pública para lançamento de um oleoduto em um trecho submerso sob o Lago Michigan, com aproximadamente 6,8 km de extensão. A escolha levou em conta critérios técnicos e ambientais.
A empresa aguarda os estudos ambientais e geológicos para iniciar a fase de assessoria de engenharia, reforçando a importância de adequar o túnel ao duto, e não o contrário. A abordagem, segundo Paulo Roberto Gomes Fernandes, reduz estresses estruturais ao longo da vida útil da tubulação.
Autor: Kalamara Rorys